quinta-feira, 15 de abril de 2010

Plano põe Curitiba sobre duas rodas

URBANISMO

Prefeitura quer aumentar em 87% a quilometragem de vias destinadas a bicicletas na cidade e incentivar forma alternativa de transporte

Publicado em 20/07/2009 | THEMYS CABRAL

Mais que aumentar a quantidade de ciclovias e afins, a ideia é estruturar uma rede de vias destinadas a bicicletas que possibilite a mobilidade plena dos usuários com mais segurança. A iniciativa surgiu depois que uma pesquisa feita pela prefeitura mostrou que 86% dos ciclistas utilizam a bicicleta como transporte para o trabalho e não para o lazer.
O levantamento, feito com base em 2,8 mil entrevistas com ciclistas, mostrou que a maior preocupação dos usuários é com a segurança. Na maior parte das vezes, os ciclistas disputam espaço com os carros nas ruas, já que no passado as ciclovias foram pensadas com a função de lazer.
O Plano Diretor Cicloviário ainda não está finalizado, mas mostra diretrizes para resolver esse problema. O ponto de partida é a malha existente – calcula-se que Curitiba conte, hoje, com cerca de 100 quilômetros de vias destinadas a bicicletas, sendo 70 quilômetros de calçadas compartilhadas e 30 de ciclovias exclusivas.
Ampliação
De acordo com o coordenador de mobilidade urbana do Ippuc, José Álvaro Twardowski, o primeiro passo foi pensar em um projeto de recuperação e revisão da malha existente, com base em uma visão integradora. “Estamos fazendo um diagnóstico da infraestrutura existente e estudando se alguns trechos vão permanecer”, afirma.
O segundo passo será investir em campanhas educativas, para mostrar o papel do ciclista no sistema e como os condutores devem tratá-lo. O terceiro passo será investir na ampliação da malha, com quatro tipo de vias, segundo a necessidade: ciclovia, calçada compartilhada, ciclofaixa e faixa compartilhada. E é aqui que os esforços da equipe do Ippuc se concentram.
Cinco projetos já estão definidos. Em primeiro lugar, decidiu-se que mais 45 quilômetros de vias devem ser incorporadas à malha curitibana nos próximos anos, com a implantação de uma ciclofaixa na Marechal Floriano Peixoto, uma calçada compartilhada ao longo do Rio Barigui, uma ciclovia no trecho Norte da Linha Verde e outra no novo Eixo de Integração localizado no Sul da cidade.
Também está nos planos uma rede metropolitana de ciclovias, com uma extensão estimada de 42 quilômetros. O projeto está sendo desenvolvido junto ao Plano Diretor Multimodal, que abarca o novo projeto de desvio ferroviário, que seria feito seguindo os contornos rodoviários da cidade. Uma rede cicloviária seria implantada junto à nova ferrovia, ao redor da cidade e em trechos da linha férrea desativada.
Por fim, para colocar de vez os curitibanos sobre duas rodas, o Ippuc pretende complementar o plano com equipamentos de apoio como paraciclos (espécie de estacionamento aberto para bicicleta), bicicletários (estacionamentos fechados) e um sistema de bicicletas de aluguel.
Mesmo com todo o esforço, a quantidade de vias destinadas a bicicletas ainda estará longe dos 4,8 mil quilômetros de vias destinadas a carros em Curitiba. Segundo Twardowski, porém, o Plano Diretor Cicloviário será capaz de cobrir todas as possibilidades do sistema viário básico, ou seja, vias estruturais, coletoras e setoriais.
Fora dessas vias, o ciclista deverá dividir espaço com os carros. “Aí vale o que diz o Código de Trânsito Brasileiro: a bicicleta também é um meio de transporte. As campanhas educativas devem ajudar a conscientizar os motoristas”, diz Twardowski.

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