terça-feira, 23 de setembro de 2014

Estações da Linha 4 do metrô terão 300 vagas para bicicletas, e ciclovias ganham melhorias

Boas notícias para os cariocas chegaram no Dia Mundial Sem Carro. Para aumentar a segurança, Copacabana ganhou bike boxes

POR BRUNO AMORIM

22/09/2014 - O Globo


Ciclista pedala na ciclovia do Aterro do Flamengo, que está sendo recapeada: além da reforma do piso, o trecho de 1,5 quilômetro entre a Marina da Glória e o Monumento a Estácio de Sá vai ganhar uma nova sinalização - Pablo Jacob / Agência O Globo

RIO — No Dia Mundial Sem Carro, comemorado nesta segunda-feira, os ciclistas cariocas receberam uma boa notícia. Cerca de 300 vagas para bicicletas serão implantadas nas futuras estações da Linha 4 do metrô: Nossa Senhora da Paz, em Ipanema; Antero de Quental e Jardim de Alah, no Leblon; Gávea; São Conrado; e Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca. Além disso, a pedido da Secretaria municipal de Meio Ambiente, o Consórcio Linha 4 Sul — responsável pela construção da Linha 4 entre Ipanema e Gávea — está revitalizando a ciclovia da Rua General Polidoro, em Botafogo. Isso inclui novo asfalto, pintura recuperada e reforço na sinalização.

Em Copacabana, técnicos da secretaria, aproveitando o Dia Mundial Sem Carro, apresentaram a ciclistas as ciclovias e ciclofaixas do bairro, que agora estão interligadas. Além disso, já é possível, para quem pedala, chegar até o Centro, via Botafogo.

Nas ruas internas de Copacabana, onde há ciclofaixas, foram implantadas zonas com velocidade máxima de 30km/h para os carros, para estimular o uso das bicicletas. Para aumentar a segurança de quem pedala no bairro, as ruas estão ganhando ainda bike boxes: são grandes quadrados vermelhos pintados no asfalto, junto às faixas de pedestres, nos cruzamentos com sinais. Ali, à frente dos carros, os ciclistas devem esperar o sinal verde. Com isso, ficam mais visíveis para os motoristas, e o perigo de atropelamentos é menor. A ideia das bike boxes surgiu em Nova York.


Bike box (pintura vermelha no asfalto) numa rua de Copacabana: ciclistas na frente dos carros - Pablo Jacob / Agência O Globo

Já no Aterro do Flamengo, a ciclovia está sendo recapeada para oferecer mais conforto e segurança aos usuários. No serviço, que deverá ser concluído nesta quarta-feira, estão sendo utilizadas 700 toneladas de massa asfáltica, conforme noticiou Ancelmo Gois em sua coluna no GLOBO. De acordo com a Secretaria municipal de Conservação e Serviços Públicos, será instalada ainda uma sinalização no trecho de cerca de um quilômetro e meio entre o Monumento a Estácio de Sá (na altura da Avenida Oswaldo Cruz) e a Marina da Glória.

MIRANTE NA CICLOVIA DA PRAIA DE BOTAFOGO

Na Praia de Botafogo também há novidades: a Ciclovia Mané Garrincha ganhará ainda este ano um novo traçado, que vai contornar o Clube de Regatas Botafogo. No local, haverá um ponto para contemplação daquele trecho da Baía de Guanabara.

Essas obras fazem parte do projeto que transformou o Rio na cidade com a maior rede cicloviária da América Latina — 380 quilômetros. O projeto da prefeitura é chegar à marca de 450 quilômetros em março do ano que vem, quando será comemorado o aniversário de 450 anos da cidade. Segundo o subsecretário municipal de Meio Ambiente, Altamirando Moraes, o governo quer incentivar o uso de bicicletas para pequenos percursos e a integração com outros meios de transporte.

— As barcas já transportam bicicletas todos os dias. O metrô e os trens também, mas apenas aos sábados e domingos. Estamos negociando para que, nos dias úteis, fora dos horários de pico, os ciclistas também possam levar suas bikes nos trens — contou Moraes.
 
Quem usa a bicicleta como principal meio de transporte agradece pelas novidades. É o caso do operador cinematográfico Erivaldo Barbosa, de 52 anos, morador do Centro que, todos os dias, vai pedalando até o trabalho, no Leblon.

— É muito bom ir trabalhar de bike, vendo a bela paisagem do Rio. As ciclovias da Zona Sul são muitos boas, mas as da Barra da Tijuca estão em péssimo estado — disse o ciclista.

Já o marítimo Ricardo Campos aproveita o tempo em que não está embarcado para passear de bicicleta pela cidade. Ele reclama da sinalização deficiente. O presidente da Federação de Ciclismo do Estado Rio de Janeiro, Cláudio dos Santos, pede mais pistas destinadas aos ciclistas.

— É preciso aumentar a malha cicloviária, que no momento está muito concentrada na Zona Sul. Copacabana, por exemplo, é o bairro no Brasil no qual mais se usam bicicletas para entregas. Isso é mérito da prefeitura, mas as outras áreas da cidade precisam de atenção.

De acordo com ele, é necessário pensar em ligações entre os principais meios de transporte e as ciclovias das zonas Oeste e Norte. Nessas regiões, segundo Santos, há deficiências:

— Se não há uma ciclovia de qualidade, isso afasta o ciclista. O principal fator que leva pessoas a evitarem o uso da bicicleta é o medo causado pela falta de ciclovias ou por vias em estado de conservação ruim.

MALHA DO CENTRO VAI AUMENTAR

Para Pedro Rivera, diretor do escritório de arquitetura Studio-X Rio — que ajudou a elaborar um projeto de ciclorrotas na região —, é preciso dar atenção especial ao Centro. O plano, que foi abraçado pelo prefeito Eduardo Paes, prevê 33 quilômetros de rotas, sendo 17 quilômetros, já em construção, no Porto. Fora daquela área, por enquanto só um trecho na Avenida Graça Aranha ficou pronto.

— Falta vaga, mas o problema do ciclista hoje é que, ao chegar ao Centro, ele não tem como circular. Estimular o uso da bicicleta na região é uma ótima forma de aliviar o trânsito — diz o diretor.

Rivera, que pedala de sua casa, no Humaitá, até o Centro, chama a atenção também para o tipo de ciclista que circula na região. De acordo com ele, 25% são entregadores usuários de triciclos, o que precisa ser levado em conta pela prefeitura na hora de ampliar a malha:

— Os triciclos precisam de mais espaço. Se quisermos que eles parem de usar as vias para carros, vamos precisar de uma ciclovia ampla.

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